As crianças não sabem o nome da guerra,
mas sabem do barulho;
de casas que caem como brinquedos partidos,
do som que rasga o céu antes de rasgar a carne.
Sabem correr,
sabem esconder-se debaixo de camas
que já não têm colchão,
em escolas sem quadros,
em abrigos que são buracos.
Sabem que a mãe já não vem,
que o pai ficou debaixo das pedras
e sabem chorar sem fazer barulho,
como quem já aprendeu
que o pranto também pode ser punido.
Algumas ainda sorriem,
com os dentes sujos de pó e esperança.
Sorriem porque ainda não aprenderam a odiar,
porque não sabem que são alvo,
porque o coração ainda bate
com a inocência intacta.
E é isso que os condena;
serem pequenos demais para entender
mas grandes o suficiente,
para assustar generais com olhos cegos.
Alguém decidiu que não deviam comer,
que não deviam dormir,
que não deviam viver
e mesmo assim, elas vivem.
Com um pedaço de pão seco,
com uma boneca sem cabeça,
com um nome que ninguém ouve.
Elas não sabem o nome da guerra,
mas um dia o mundo
vai ter de aprender o nome de cada uma delas.
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