Houve um dia em que o trovão se calou,
o fogo no monte apagou-se,
e a voz que ordenava pela espada
perdeu-se no eco do próprio silêncio.
As tábuas que pesavam sobre os ombros
partiram-se em pó,
o medo que moldava joelhos dobrados
esfumou-se no vento do amanhecer.
A humanidade, antes curvada,
ergueu o rosto para o céu
e viu que o azul não tinha dono,
que a luz não pedia tributo.
No silêncio do trono,
uma sombra desceu como brisa negra,
misturou-se à cinza das ruas,
e vestiu-se da carne dos filhos que sempre elegeu,
usando-os como sua própria imagem.
E eles falaram com a fúria dos exércitos,
semeando fome como quem lança pragas,
fizeram da morte um estandarte,
e da chacina de inocentes
o seu cântico mais antigo.
O sagrado, antes prisão,
não se desfez, apenas mudou de rosto.
E ainda caminha entre nós,
sussurrando na sombra do caos,
lembrando que a noite espreita
quem se distrai com o sopro da liberdade.
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