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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Quando o Trono Ficou Vazio

Houve um dia em que o trovão se calou,

o fogo no monte apagou-se,

e a voz que ordenava pela espada

perdeu-se no eco do próprio silêncio.

 

As tábuas que pesavam sobre os ombros

partiram-se em pó,

o medo que moldava joelhos dobrados

esfumou-se no vento do amanhecer.

 

A humanidade, antes curvada,

ergueu o rosto para o céu

e viu que o azul não tinha dono,

que a luz não pedia tributo.

 

No silêncio do trono,

uma sombra desceu como brisa negra,

misturou-se à cinza das ruas,

e vestiu-se da carne dos filhos que sempre elegeu,

usando-os como sua própria imagem.

 

E eles falaram com a fúria dos exércitos,

semeando fome como quem lança pragas, 

fizeram da morte um estandarte,

e da chacina de inocentes

o seu cântico mais antigo.

 

O sagrado, antes prisão,

não se desfez, apenas mudou de rosto.

E ainda caminha entre nós,

sussurrando na sombra do caos,

lembrando que a noite espreita

quem se distrai com o sopro da liberdade.

 

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