Na pele seca de Gaza,
o chão treme sob os passos do silêncio,
bombas fazem chuva de morte,
vãs promessas de liberdade rasgadas pelo fogo.
No ar, o grito contido de mães,
filhos que nunca verão o amanhã,
um povo que se esvai, invisível para o mundo,
escondido entre escombros e lágrimas mudas.
E lá fora, a voz do mundo é um eco distante,
um teatro de conveniências e omissões,
olhos que desviam o olhar,
mãos que não se erguem contra a barbárie.
Mas a memória dos que morrem não se cala,
a terra ferida clama justiça,
e cada nome apagado do mapa
é um grito de revolta que nunca morrerá.
(Este poema nasce num tempo em que a Faixa de Gaza
enfrenta uma ameaça de reocupação total, com risco de agravamento da crise
humanitária e aumento do sofrimento do povo palestiniano. Enquanto o
primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu pressiona por uma ofensiva que
pode colocar em perigo reféns e civilização, observa-se uma preocupante
passividade da comunidade internacional perante este flagelo.
Expressamos a esperança de que, dentro de Israel,
surjam vozes firmes e corajosas que se oponham a esta escalada de violência,
que rejeitem a militarização exacerbada e que defendam a justiça, a paz e o
respeito pelos direitos humanos. Que a consciência crítica dos israelitas seja
a luz que impeça que o trauma do passado se transforme em tragédia repetida.
Que a memória da dor não seja um pretexto para a
cegueira, mas sim um chamado à responsabilidade e à humanidade.)
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