Chamam liberdade ao ruído das armas ocultas,
erguem o nome do povo como escudo,
mas olham-no com desconfiança,
sempre que ele não marcha na sua direção.
Dizem que tudo o que pedem é o direito
de existir,
mas o que exigem é o silêncio dos outros,
para que a sua voz não tenha eco a dividir-se.
Fazem-se vítimas do mundo
que não os aplaude de pé,
mas o mundo já os viu por dentro,
e reconhece a linguagem que veste gravata
e cospe medo em subtítulos limpos.
O que é a liberdade senão o espaço
onde cabem os que não se parecem connosco?
O que é a justiça senão a recusa
de transformar a diferença em ameaça?
Há quem grite “igualdade”,
enquanto fecha portas atrás de si,
há quem chore perseguição,
quando lhe retiram a pedra da mão.
Mas a história não esquece;
a memória não é um luxo,
é um antídoto.
E quando tentam dourar a violência,
pintando-a de equilíbrio,
há sempre um espelho que resiste,
e mostra o que a máquina
tentou apagar.
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