És aquele que fica quando o mundo se vai,
que ouve os silêncios e entende o que não se diz.
A tua presença não precisa de corpo,
basta o gesto de estar, mesmo sem toque,
como uma sombra fresca num dia de calor.
Tu és o que segura a corda
quando me sinto a cair no poço do abandono,
o que não pergunta “porquê tudo isso?”
mas antes diz:
“Estou aqui, com tudo o que és.”
És o que me devolve a forma
quando os outros me vêem torto,
o que vê luz nas minhas ruínas
e flores entre os escombros do meu coração cansado.
Amigo,
palavra rara, abrigo sem preço,
és a parte do mundo que não me exige nada
e mesmo assim me oferece tudo:
escuta, tempo, ternura, verdade.
Se algum dia eu desaparecer da superfície da alegria,
procura-me nas profundezas, lá onde só os verdadeiros
mergulham,
lá onde tu já estiveste comigo, tantas vezes,
sem medo da escuridão.
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