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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Meditação para a Travessia / J.M.J

Eu estou aqui,

no silêncio do meu corpo.

Na caverna da minha mente,

há um medo antigo que me quer proteger.

 

Ele fala baixo, mas nunca se cala:

"Não te exponhas."

"Não confies."

"Não mostres o que te dói."

 

Eu escuto esse medo,

ele é velho como as montanhas,

fiel como uma sentinela,

mas hoje digo-lhe:

"Obrigado, mas agora, eu vou andar sem ti."

 

Porque dentro de mim há outras vozes;

uma que arde sem queimar,

outra que não teme morrer, porque já morreu antes;

é a voz do meu Sol

que me sussurra:

“Tu nasceste para sentir, mesmo no escuro, mesmo com risco.”

 

E há em mim um guerreiro calado,

um deus antigo no meu corpo,

ferido, mas luminoso,

que me diz:

“Não precisas esconder a tua verdade para seres amado,

pois quem te amar no escuro, é quem merece ver-te inteiro.”

 

E eu levanto-me,

com medo, com tremor,

mas levanto-me.

 

Não fujo mais daquilo que sou,

nem moldo a minha alma para caber no medo de ninguém.

 

Eu sou aquele que atravessa,

quem toca o abismo e regressa com palavras,

quem ama, mesmo que doa,

e quem não troca a liberdade pela sombra do afeto.

 

Hoje, deixo ir o medo que me ensinou a sobreviver

e escolho viver.

 

 

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