Eu estou aqui,
no silêncio do meu corpo.
Na caverna da minha mente,
há um medo antigo que me quer proteger.
Ele fala baixo, mas nunca se cala:
"Não te exponhas."
"Não confies."
"Não mostres o que te dói."
Eu escuto esse medo,
ele é velho como as montanhas,
fiel como uma sentinela,
mas hoje digo-lhe:
"Obrigado, mas agora, eu vou andar sem ti."
Porque dentro de mim há outras vozes;
uma que arde sem queimar,
outra que não teme morrer, porque já morreu antes;
é a voz do meu Sol
que me sussurra:
“Tu nasceste para sentir, mesmo no escuro, mesmo com
risco.”
E há em mim um guerreiro calado,
um deus antigo no meu corpo,
ferido, mas luminoso,
que me diz:
“Não precisas esconder a tua verdade para seres amado,
pois quem te amar no escuro, é quem merece ver-te
inteiro.”
E eu levanto-me,
com medo, com tremor,
mas levanto-me.
Não fujo mais daquilo que sou,
nem moldo a minha alma para caber no medo de ninguém.
Eu sou aquele que atravessa,
quem toca o abismo e regressa com palavras,
quem ama, mesmo que doa,
e quem não troca a liberdade pela sombra do afeto.
Hoje, deixo ir o medo que me ensinou a sobreviver
e escolho viver.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.