Não veio com trovões, nem rasgou o firmamento,
não trouxe colapsos de estrelas nem oráculos de luz.
Veio como o leve desvio de um eco
no íntimo do cálcio,
um suspiro entre elétrons,
não previsto, mas real.
Os deuses da física, quatro em número,
já dançavam há éons:
Gravidade, a senhora do abismo;
Eletromagnetismo, o senhor das formas;
Forte, o guardião dos núcleos;
Fraca, a mensageira da mudança.
Mas agora…
um quinto vulto se move entre eles,
com um véu translúcido e um passo que desafina a música antiga.
Talvez seja Amor,
ou Memória,
ou a estrutura invisível da atenção,
talvez seja aquilo que liga o que nunca se tocou,
ou o suspiro das partículas que não querem estar sozinhas,
talvez, apenas, seja a linguagem que faltava
para traduzir o silêncio.
Ela age sem ser vista,
não empurra, não atrai,
mas curva o comportamento,
como quem muda a direção de um pensamento
sem alterar o corpo.
É possível que esta força seja a última a ser descoberta,
porque é a primeira a nascer.
Talvez esteja inscrita não nos campos,
mas na razão pela qual os campos existem.
Se for real, não estamos apenas diante de uma nova lei,
mas de um novo verbo.
Não uma equação,
mas uma revelação:
que há mais intenção no universo
do que admitíamos.
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