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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Aquela que Guarda a Chuva / J.M.J.

Há no deserto uma árvore

que não reza por chuva,

e nela a guarda.

 

Enquanto os rios secam

e a terra se parte ao meio,

ela permanece,

cheia por dentro,

calada.

 

Os sedentos vêm;

Homem, cabra, pássaro, criança,

e ela dá,

sem fonte à vista,

sem milagre à mostra.

 

Dentro do seu corpo

há cântaros invisíveis,

mares recolhidos

de antigas estações.

 

Dizem que há doze mil orações

presas em sua madeira,

cada gota, uma promessa

de que a vida

não será esquecida.

 

Ela não chora,

ela sustenta,

ergue-se como mãe que amamenta o tempo,

com raízes fundas no invisível.

 

E mesmo os que não crêem

se calam diante dela.

 

Pois há silêncio

que só se aprende

de quem tem sede

e é saciado por um tronco

que sonha

em dar.

 

(Poema inspirado na Baobá)

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