Há no deserto uma árvore
que não reza por chuva,
e nela a guarda.
Enquanto os rios secam
e a terra se parte ao meio,
ela permanece,
cheia por dentro,
calada.
Os sedentos vêm;
Homem, cabra, pássaro, criança,
e ela dá,
sem fonte à vista,
sem milagre à mostra.
Dentro do seu corpo
há cântaros invisíveis,
mares recolhidos
de antigas estações.
Dizem que há doze mil orações
presas em sua madeira,
cada gota, uma promessa
de que a vida
não será esquecida.
Ela não chora,
ela sustenta,
ergue-se como mãe que amamenta o tempo,
com raízes fundas no invisível.
E mesmo os que não crêem
se calam diante dela.
Pois há silêncio
que só se aprende
de quem tem sede
e é saciado por um tronco
que sonha
em dar.
(Poema inspirado na Baobá)
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