Dizem que é preciso entrar com tanques,
como quem entra com certezas
em ruas onde o sangue já se fez barro
e o silêncio mastiga nomes.
Dizem que vão derrotar o inimigo,
mas esquecem os olhos
dos que ainda estão vivos
atrás de portas trancadas,
sem luz,
sem sono,
sem pão.
Chamam-lhe plano
àquilo que não vê as mãos que tremem,
nem escuta os gritos abafados
de mães que não querem medalhas,
só filhos.
E os que choram, no centro de Telavive,
sabem que não há vitória
quando pisam suas esperanças,
em nome de fantasmas armados.
Sabem que um Estado que não protege
os que ainda respiram
já se esqueceu do que é ser humano.
E por isso gritam,
não para parar a guerra,
mas para impedir que ela lhes leve também
o que ainda lhes resta:
a dignidade de dizer,
não assim,
não agora,
não em vosso nome.
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