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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Os Que Ainda Respiram (para as famílias dos reféns) / J.M.J.

Dizem que é preciso entrar com tanques,

como quem entra com certezas

em ruas onde o sangue já se fez barro

e o silêncio mastiga nomes.

 

Dizem que vão derrotar o inimigo,

mas esquecem os olhos

dos que ainda estão vivos

atrás de portas trancadas,

sem luz,

sem sono,

sem pão.

 

Chamam-lhe plano

àquilo que não vê as mãos que tremem,

nem escuta os gritos abafados

de mães que não querem medalhas,

só filhos.

 

E os que choram, no centro de Telavive,

sabem que não há vitória

quando pisam suas esperanças,

em nome de fantasmas armados.

 

Sabem que um Estado que não protege

os que ainda respiram

já se esqueceu do que é ser humano.

 

E por isso gritam,

não para parar a guerra,

mas para impedir que ela lhes leve também

o que ainda lhes resta:

a dignidade de dizer,

não assim,

não agora,

não em vosso nome.

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