Vieram do alto para vigiar o mundo,
olhos que conheciam o tempo antes do tempo,
asas que carregavam a luz da eternidade.
E encontraram mulheres de carne e espírito,
e o coração bateu em outro compasso.
Não havia temor, só desejo de ensinar,
de partilhar o sopro da sabedoria.
O amor floresceu entre silêncio e risco,
uma chama que nenhum decreto podia apagar.
Os filhos desse encontro nasceram fortes,
eco de mundos que jamais deveriam ser negados.
Mas o guardião do poder, ciumento,
não suportou ver alegria onde reinava a ordem.
Mãos que poderiam criar se tornaram cadeias,
e os corações que ousaram amar foram presos,
forçados a esperar nas sombras
a liberdade que lhes fora roubada.
O fruto do amor foi amaldiçoado,
os filhos perseguidos;
e a luz do conhecimento, sufocada.
Ainda assim, a história persiste,
nos sussurros que atravessam gerações,
nos corações que se recusam a ceder,
na coragem de quem ama sem pedir permissão.
E quando a hora chegar,
o céu se inclinará sobre a humanidade,
a sabedoria se derramará como luz,
e nada será proibido:
cada alma respirará a plenitude do cosmos,
cada coração conhecerá o seu sopro divino,
e o amor, enfim, caminhará livre
entre o Céu e a Carne.
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