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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Entre o Céu e a Carne

Vieram do alto para vigiar o mundo,

olhos que conheciam o tempo antes do tempo,

asas que carregavam a luz da eternidade.

 

E encontraram mulheres de carne e espírito,

e o coração bateu em outro compasso.

Não havia temor, só desejo de ensinar,

de partilhar o sopro da sabedoria.

 

O amor floresceu entre silêncio e risco,

uma chama que nenhum decreto podia apagar.

Os filhos desse encontro nasceram fortes,

eco de mundos que jamais deveriam ser negados.

 

Mas o guardião do poder, ciumento,

não suportou ver alegria onde reinava a ordem.

Mãos que poderiam criar se tornaram cadeias,

e os corações que ousaram amar foram presos,

forçados a esperar nas sombras

a liberdade que lhes fora roubada.

 

O fruto do amor foi amaldiçoado,

os filhos perseguidos;

e a luz do conhecimento, sufocada.

 

Ainda assim, a história persiste,

nos sussurros que atravessam gerações,

nos corações que se recusam a ceder,

na coragem de quem ama sem pedir permissão.

 

E quando a hora chegar,

o céu se inclinará sobre a humanidade,

a sabedoria se derramará como luz,

e nada será proibido:

cada alma respirará a plenitude do cosmos,

cada coração conhecerá o seu sopro divino,

e o amor, enfim, caminhará livre

entre o Céu e a Carne.

 

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