No tribunal do mundo,
um juiz brasileiro ergueu muralhas com cliques
secretos,
prisões sem testemunhas,
hashtags apagadas no leito da lei.
Enquanto isso,
o ex‑presidente traidor, aliado de fantasmas do poder,
ganha perdão de quem também rasgou a urna,
cego à própria insolência.
E lá fora,
o titã americano ergue tarifas e suspende vistos,
como se o juízo do outro fosse sua causa,
como se pudesse decidir quem merece sentença,
a buscar escudo num golpe já desmascarado.
O poder se torna carnaval distorcido:
quem acusa os tribunais de ‘caça de bruxas’,
usa bruxas de ferro para liquidar a democracia.
E nós, espectadores do abismo institucional,
vemos a justiça dobrar-se
à interseção de interesses,
onde a retórica da liberdade
é arma diplomática
e o tribunal vira retórica de adoração cega.
Mas o grito que importa
vem da rua, não dos ecrãs:
não há justiça quando ela se vende
como troféu político.
E o mundo inteiro percebe
que quem confunde tribunal com mercado,
perde o direito de chamar-se juiz.
(Este poema nasce em resposta à acusação do governo
dos EUA, sob Donald Trump, contra o ministro Alexandre de Moraes, a quem
classificam como "juiz ativista" e "ator estrangeiro
maligno". Essas palavras, vindas de um regime que volta a abraçar o
populismo autoritário, procuram intimidar e inverter os papéis: transformar o
defensor da legalidade num vilão, e o criminoso político num mártir.
O poema critica a manipulação simbólica das
instituições democráticas e as tentativas de interferência externa, por parte
dos EUA, em decisões soberanas do sistema judicial brasileiro. As metáforas de
“cliques secretos” ou “hashtags apagadas” não representam abusos judiciais
reais, mas sim a imagem distorcida que o poder internacional tenta colar a quem
cumpre a lei contra criminosos políticos.)
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