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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Justiça em Travessia (ou o poema que caminha sobre o fio da democracia) / J.M.J.

No tribunal do mundo,

um juiz brasileiro ergueu muralhas com cliques secretos,

prisões sem testemunhas,

hashtags apagadas no leito da lei.

 

Enquanto isso,

o ex‑presidente traidor, aliado de fantasmas do poder,

ganha perdão de quem também rasgou a urna,

cego à própria insolência.

 

E lá fora,

o titã americano ergue tarifas e suspende vistos,

como se o juízo do outro fosse sua causa,

como se pudesse decidir quem merece sentença,

a buscar escudo num golpe já desmascarado.

 

O poder se torna carnaval distorcido:

quem acusa os tribunais de ‘caça de bruxas’,

usa bruxas de ferro para liquidar a democracia.

 

E nós, espectadores do abismo institucional,

vemos a justiça dobrar-se

à interseção de interesses,

onde a retórica da liberdade

é arma diplomática

e o tribunal vira retórica de adoração cega.

 

Mas o grito que importa

vem da rua, não dos ecrãs:

não há justiça quando ela se vende

como troféu político.

 

E o mundo inteiro percebe

que quem confunde tribunal com mercado,

perde o direito de chamar-se juiz.

 

 

(Este poema nasce em resposta à acusação do governo dos EUA, sob Donald Trump, contra o ministro Alexandre de Moraes, a quem classificam como "juiz ativista" e "ator estrangeiro maligno". Essas palavras, vindas de um regime que volta a abraçar o populismo autoritário, procuram intimidar e inverter os papéis: transformar o defensor da legalidade num vilão, e o criminoso político num mártir.

O poema critica a manipulação simbólica das instituições democráticas e as tentativas de interferência externa, por parte dos EUA, em decisões soberanas do sistema judicial brasileiro. As metáforas de “cliques secretos” ou “hashtags apagadas” não representam abusos judiciais reais, mas sim a imagem distorcida que o poder internacional tenta colar a quem cumpre a lei contra criminosos políticos.)

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