Na floresta,
ninguém julga o voo que foge à linha.
O veado que roça o pescoço de outro
não é expulso da sua manada.
Na água,
os golfinhos dançam sem regras de género,
e o mar abençoa todos os encontros
com a mesma espuma.
No ar,
pássaros machos constroem ninhos lado a lado,
oferecendo-se ramos como promessas
e nenhuma árvore se recusa a abrigá-los.
A diversidade não é erro:
é estratégia divina,
é celebração da diferença,
é resposta ao medo com beleza.
O Amor,
na Natureza,
não pede licença,
nem pede desculpa;
surge, floresce, transborda
e tudo à volta se adapta, se alinha, acolhe.
Só o humano se perdeu no labirinto
da vergonha que lhe ensinaram,
só ele cortou os seus próprios ramos,
com medo de onde o amor o podia levar.
Mas a terra recorda,
as pedras lembram,
e o vento sopra o evangelho antigo:
“Ama como as estrelas se atraem,
sem etiquetas,
sem fronteiras,
sem culpa.”
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