Há um sopro que estala no osso do tempo.
Não é grito, nem cântico,
é qualquer coisa que fende por
dentro
e ordena: começa.
O velho império das formas
treme no fulgor do invisível.
Os mapas escurecem.
As palavras não chegam.
E mesmo assim alguém escreve.
Mesmo assim alguém resiste
ao conforto do fim.
Ergue-se um sinal sem nome,
frágil como um recém-nascido,
mas em brasa.
Ação que nasce sem saber
se é profecia ou desvario.
Mas nasce.
Não há promessas.
Há poeira, há abismo,
há uma construção que se faz com o
que não se vê.
E o martelo é silêncio.
E o andaime, fé.
Os olhos que souberem olhar
verão onde a destruição
é só preparação do chão.
Os que não virem
clamarão por um salvador,
e os que mentirem
serão coroados.
Mas uma alma sem rosto,
vinda de eras esquecidas,
tomará forma.
E será o início.
Não do mundo.
Mas da coragem de o refazer.
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