Duzentas e noventa e nove espadas
e mais uma, inseparável,
ergueram-se contra a sombra do império.
Não eram apenas guerreiros,
eram corpos que ardiam em pares,
corações atados por juramentos silenciosos.
Cada golpe, cada escudo erguido,
era também a promessa de não abandonar
o olhar amado na poeira da batalha.
Em Leuctra, quebraram o orgulho de Esparta:
não foi o número,
mas a fidelidade feita lâmina
que abriu a muralha inimiga.
E em Queronéia, quando a morte chegou,
nenhum retrocedeu.
Caíram lado a lado,
como caem árvores entrelaçadas,
como estrelas que, ao apagar-se,
formam ainda constelações.
Sobre eles ergueu-se um leão de pedra,
mas a verdadeira memória
não está no mármore nem no mito:
vive na ousadia de amar sem temor,
de lutar com o coração exposto,
de fazer da ternura uma arma,
e da fidelidade, eternidade.
(Este poema nasce em homenagem ao Bando Sagrado de
Tebas, a lendária tropa formada por cento e cinquenta pares de amantes que,
unidos por laços de afeto e coragem, enfrentaram os maiores exércitos do seu
tempo. Mais do que guerreiros, eram companheiros que transformaram a intimidade
em força, a lealdade em lâmina e o amor em escudo. A sua memória não é apenas
militar ou histórica: é também um testemunho de como a ternura pode habitar no
campo de batalha, e de como a fidelidade humana pode desafiar impérios e a
própria morte.)
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