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domingo, 14 de setembro de 2025

O Bando Sagrado

Duzentas e noventa e nove espadas

e mais uma, inseparável,

ergueram-se contra a sombra do império.

 

Não eram apenas guerreiros,

eram corpos que ardiam em pares,

corações atados por juramentos silenciosos.

Cada golpe, cada escudo erguido,

era também a promessa de não abandonar

o olhar amado na poeira da batalha.

 

Em Leuctra, quebraram o orgulho de Esparta:

não foi o número,

mas a fidelidade feita lâmina

que abriu a muralha inimiga.

 

E em Queronéia, quando a morte chegou,

nenhum retrocedeu.

Caíram lado a lado,

como caem árvores entrelaçadas,

como estrelas que, ao apagar-se,

formam ainda constelações.

 

Sobre eles ergueu-se um leão de pedra,

mas a verdadeira memória

não está no mármore nem no mito:

vive na ousadia de amar sem temor,

de lutar com o coração exposto,

de fazer da ternura uma arma,

e da fidelidade, eternidade.

 

 

(Este poema nasce em homenagem ao Bando Sagrado de Tebas, a lendária tropa formada por cento e cinquenta pares de amantes que, unidos por laços de afeto e coragem, enfrentaram os maiores exércitos do seu tempo. Mais do que guerreiros, eram companheiros que transformaram a intimidade em força, a lealdade em lâmina e o amor em escudo. A sua memória não é apenas militar ou histórica: é também um testemunho de como a ternura pode habitar no campo de batalha, e de como a fidelidade humana pode desafiar impérios e a própria morte.)

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