O universo respira em fio de cristal,
cada estrela pendurada
como gota de luz prestes a escorrer.
Se a gravidade vacilasse,
os mundos tombariam em silêncio,
galáxias desfiando-se como véus antigos,
e nós, minúsculos, suspensos entre impossibilidades.
O tempo não corre, inclina-se,
dobrando-se sobre si mesmo,
cada instante um equilíbrio tênue
entre o ser e o nada.
Nosso sangue, nossos sonhos,
são ecos da dança precisa das partículas,
o milagre cotidiano de existir
num espaço que poderia não nos querer.
E mesmo no abismo de infinitos vazios,
há centelhas:
olhares que buscam o horizonte,
mãos que desenham perguntas no escuro,
mente que ousa compreender o incompreensível.
O universo é uma corda esticada no vazio,
e nós caminhamos sobre ela,
um passo de cada vez,
conscientes de que cada gesto é raridade,
cada respiração, revolução silenciosa.
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