O tempo passa, implacável e silencioso,
uma corrente que não espera, que não se detém.
Sinto-me no seu fluxo, mas não como parte dele;
apenas um observador do meu próprio escoar.
Já vivi tudo que podia tocar,
e o futuro oferece apenas sombras do que não serei.
Nada mais parece servir,
e, mesmo assim, respiro, apenas porque respiro.
O vazio é vasto,
como um planeta perdido no espaço escuro,
sem vizinhos, sem luz familiar,
apenas a imensidão a envolver-me.
E, no entanto, neste vazio,
percebo que posso senti-lo, habitá-lo,
deixar que exista sem lutar,
sem esperar consolo, sem prometer sentido.
Aqui, neste espaço sem fim,
sou inteiro no que sou:
dor, cansaço, silêncio e respiração,
tudo junto, tudo presente,
tudo meu.
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