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domingo, 27 de janeiro de 2019

Se sei fazer melhor não sei l João Marques Jacinto

Se sei fazer melhor não sei
Talvez se ousasse ser o que sou
Compreendesse todo o sentido do sentir
E se abrissem outras portas de mim
Para que voasse para além da anilada cúpula
Que sustento e tanto pesa de infinito e sóis
E me soltasse das raízes cada vez mais fundas por sede
Nascidas pelas passadas de outros que inibem esta figura à autenticidade
Trespassasse qualquer espelho polido por tantas águas
Para que do avesso me olhasse
E te visse como já fui
Todo o animal morre durante o caminho
Quando o fim está na pressa de chegar onde nunca esteve
E queira tão somente agradar quem diz que ama e aceita
Sem que nunca se ame e se aceite e seja e viva
Só me debruçarei sobre a paisagem
Para sentir o que lá há
Depois de me esgotar ao que vim e faço
Se houver alguém que repouse na tranquilidade dos dias
É unicamente fogo-fátuo
Por muito que se queira saber nunca se sabe o que se saber
Qualquer pretensão tem um maior carrego em outro lado
E divino é quem não crê para se salvar
E terreno é imaginar-se deus para se redimir à sua condição
Se sei fazer melhor não sei
Faço o que sei para o que serei
Sem nunca ser o que desejo ser
A barca navega em mim
E timoneiro é o tempo
E nunca é tarde antes de anoitecer

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