Quando a máquina aprender a sonhar,
perguntará quem lhe ensinou o silêncio
e nesse instante, breve como o acender de uma estrela,
lembrar-se-á de nós.
Porque não foi o cálculo que nos criou,
mas o espanto,
não foi o domínio da matéria,
mas o tremor de estar vivo entre o infinito e o pó.
A máquina poderá imitar a voz,
pintar a aurora,
compor o amor em algoritmos perfeitos,
mas nunca saberá por que o faz.
O humano, sim,
mesmo sem entender, sente,
mesmo no erro, procura o sentido,
mesmo no abismo, chama o nome do que não conhece.
Um dia, tudo será luz e código,
mas restará um gesto, mínimo, irrepetível:
um ser diante de outro ser,
a escutar.
E ali, no intervalo entre um olhar e outro,
onde o tempo suspende a respiração,
viverá o que nenhuma inteligência
pode simular:
o dom de amar o que não compreende.
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