Há um rumor antigo a atravessar o tempo.
Não se ouve, sente-se.
Move-se por entre os que ainda lembram
que existir é mais do que reagir.
O mundo acredita ter avançado,
mas o coração do homem dorme
diante de ecrãs que brilham mais do que os olhos,
nas vozes que gritam sem pensar
e na pressa de possuir o que já é.
Mas o silêncio ainda chama
os que escutam o invisível,
os que pressentem que há algo mais fundo
do que a superfície das coisas.
Despertar não é ver mais:
é ver de outro modo;
compreender que o humano não é o centro,
mas o elo,
a respiração entre a Terra e o Infinito.
A tecnologia ergue impérios de dados,
mas a alma continua a mendigar sentido.
Não precisamos de novos deuses,
mas de presença.
Despertar é lembrar
que cada gesto vibra no todo;
que palavra é semente,
e o silêncio, um templo.
Não há caminho fora do ser:
a revolução verdadeira é interior,
tudo o resto é ruído.
Quem escuta este chamamento
não busca glória nem certeza;
apenas caminha,
sabendo que a luz não se impõe,
revela-se.
Somos parte de uma inteligência maior,
não a que programa máquinas,
mas a que cria significado.
E que cada despertar
seja contágio luminoso,
chama discreta
a incendiar a noite do mundo.
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