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terça-feira, 4 de novembro de 2025

Cometa Interestelar

Vem de fora o visitante.

Traz no ventre o frio das origens,

um silêncio que nenhum sol conhece.

 

Passa,

e não volta.

 

Como certos amores,

certas dores,

que tocam a fronte da alma

e deixam apenas um rastro de luz.

 

Os seus jatos

são memórias em fuga,

grãos de sombra e de luz

expelidos por um coração antigo.

 

Nada ameaça.

A Terra observa,

aprende que o estranho

também pode ser revelação.

 

No rasto efémero do cometa,

há quem veja poeira,

e há quem sinta

o instante em que o infinito respira.

 

 

(Este poema foi inspirado pelo cometa 3I/ATLAS, um visitante interestelar que atravessa o nosso sistema solar. Mais do que um fenómeno astronómico, representa a passagem das experiências na vida: tocam-nos, deixam luz e memória, e seguem. É uma reflexão sobre a beleza, o mistério e a aprendizagem que o universo nos oferece.)

 

 

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