Vem de fora o visitante.
Traz no ventre o frio das origens,
um silêncio que nenhum sol conhece.
Passa,
e não volta.
Como certos amores,
certas dores,
que tocam a fronte da alma
e deixam apenas um rastro de luz.
Os seus jatos
são memórias em fuga,
grãos de sombra e de luz
expelidos por um coração antigo.
Nada ameaça.
A Terra observa,
aprende que o estranho
também pode ser revelação.
No rasto efémero do cometa,
há quem veja poeira,
e há quem sinta
o instante em que o infinito respira.
(Este poema foi inspirado pelo cometa 3I/ATLAS, um visitante interestelar
que atravessa o nosso sistema solar. Mais do que um fenómeno astronómico,
representa a passagem das experiências na vida: tocam-nos, deixam luz e
memória, e seguem. É uma reflexão sobre a beleza, o mistério e a aprendizagem
que o universo nos oferece.)
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