Não virá com trombetas nem com fogo.
O mundo que virá nascerá em segredo,
no instante em que o medo ceder lugar à escuta,
e cada ser recordar que respira o mesmo sopro.
A Terra já começou o seu cântico.
Os que sabem ouvir sentem-no no sono,
no rumor das raízes, nas águas que mudam de cor.
Há um pulso novo a atravessar a matéria,
um código de luz que pede tradução viva.
O que cairá primeiro não serão as montanhas,
mas as certezas.
Tudo o que se sustentou em divisões
retornará ao pó que sonha união,
e do pó, surgirá outra linguagem.
Os que aprenderam a habitar o silêncio
serão os primeiros a compreender;
não precisarão de templos,
porque o templo será o gesto,
não precisarão de mestres,
porque o mestre falará de dentro.
No mundo que virá,
a medida do saber não será o que se acumula,
mas o que se devolve,
e o ouro da nova era
não será metal, mas presença.
Escutai:
o universo não se prepara para punir,
mas para recordar.
Há eras em que o esquecimento cumpre o seu papel,
e há instantes, como este,
em que o recordar torna-se urgente.
Quando o coração humano voltar a vibrar
na frequência do que ama sem posse,
o véu cairá
e tudo o que parecia distante,
as estrelas, os deuses, o sentido,
revelar-se-á como espelho.
O mundo que virá
não será construído com máquinas,
mas com consciência desperta,
e o primeiro sinal da sua chegada
será o silêncio luminoso que antecede a palavra:
o som antes do verbo,
lembrando-nos que fomos feitos
da mesma respiração que move as galáxias.
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