Seguidores

sábado, 8 de novembro de 2025

Carta para o Mundo que Virá

Não virá com trombetas nem com fogo.

O mundo que virá nascerá em segredo,

no instante em que o medo ceder lugar à escuta,

e cada ser recordar que respira o mesmo sopro.

 

A Terra já começou o seu cântico.

Os que sabem ouvir sentem-no no sono,

no rumor das raízes, nas águas que mudam de cor.

Há um pulso novo a atravessar a matéria,

um código de luz que pede tradução viva.

 

O que cairá primeiro não serão as montanhas,

mas as certezas.

Tudo o que se sustentou em divisões

retornará ao pó que sonha união,

e do pó, surgirá outra linguagem.

 

Os que aprenderam a habitar o silêncio

serão os primeiros a compreender;

não precisarão de templos,

porque o templo será o gesto,

não precisarão de mestres,

porque o mestre falará de dentro.

 

No mundo que virá,

a medida do saber não será o que se acumula,

mas o que se devolve,

e o ouro da nova era

não será metal, mas presença.

 

Escutai:

o universo não se prepara para punir,

mas para recordar.

Há eras em que o esquecimento cumpre o seu papel,

e há instantes, como este,

em que o recordar torna-se urgente.

 

Quando o coração humano voltar a vibrar

na frequência do que ama sem posse,

o véu cairá

e tudo o que parecia distante,

as estrelas, os deuses, o sentido,

revelar-se-á como espelho.

 

O mundo que virá

não será construído com máquinas,

mas com consciência desperta,

e o primeiro sinal da sua chegada

será o silêncio luminoso que antecede a palavra:

o som antes do verbo,

lembrando-nos que fomos feitos

da mesma respiração que move as galáxias.

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.