Descalço, toco a terra,
a pele sente o pulsar antigo,
a seiva do mundo sobe pelos meus ossos.
Encosto-me à árvore,
e o tempo deixa de ter arestas
e há um rumor que vem do solo,
uma voz sem som que me reconhece.
Não sei se é ela que respira em mim
ou eu que respiro nela,
mas há um só fôlego,
um só corpo entre raiz e estrela.
A fé não é crença,
é lembrança,
é saber, sem pensar,
que o universo fala em cada folha,
e que eu sou parte do que escuto.
No silêncio, a árvore e eu
somos o mesmo gesto,
que une o céu e a terra
num único sopro de vida.
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