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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

A Alma e o Espelho (Entre o Fogo e a Água)

Em cada homem dorme uma mulher,

que sonha com a ternura que ele teme

e em cada mulher respira um homem,

que anseia pela coragem que ela contém.

 

Somos fronteiras móveis,

rios que trocam de margem,

quando a lua muda de lugar.

 

O que chamas força

é apenas o disfarce da fragilidade que cuidas,

e o que chamas doçura

é o poder de quem já conheceu o caos.

 

Há um templo dentro do peito,

onde o masculino e o feminino se ajoelham,

não para dominar,

mas para reconhecer-se.

 

E quando enfim se olham,

não há mais guerra,

nem género,

nem solidão.

 

Há apenas o Uno,

suspenso entre o Fogo e a Água,

onde cada alma, enfim,

se torna inteira.

 

 

(Este poema inspira-se num pensamento de Carl Gustav Jung, sobre a presença do animus e da anima, o masculino e o feminino que coexistem em cada ser humano. Mais do que opostos, são forças complementares que buscam reconciliação. “A Alma e o Espelho” reflete esse encontro interior, onde fogo e água, razão e sentimento, coragem e ternura deixam de se combater e tornam-se uma só essência.)

 

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