Em cada homem dorme uma mulher,
que sonha com a ternura que ele teme
e em cada mulher respira um homem,
que anseia pela coragem que ela contém.
Somos fronteiras móveis,
rios que trocam de margem,
quando a lua muda de lugar.
O que chamas força
é apenas o disfarce da fragilidade que cuidas,
e o que chamas doçura
é o poder de quem já conheceu o caos.
Há um templo dentro do peito,
onde o masculino e o feminino se ajoelham,
não para dominar,
mas para reconhecer-se.
E quando enfim se olham,
não há mais guerra,
nem género,
nem solidão.
Há apenas o Uno,
suspenso entre o Fogo e a Água,
onde cada alma, enfim,
se torna inteira.
(Este poema inspira-se num pensamento de Carl Gustav
Jung, sobre a presença do animus e da anima, o masculino e o feminino que
coexistem em cada ser humano. Mais do que opostos, são forças complementares
que buscam reconciliação. “A Alma e o Espelho” reflete esse encontro interior,
onde fogo e água, razão e sentimento, coragem e ternura deixam de se combater e
tornam-se uma só essência.)
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