Há uma perceção que não pede licença,
desliza pela mente como um sopro preciso
e lembra-nos que o silêncio também cansa.
O pensamento mexe onde não queríamos tocar,
levanta o pó das perguntas antigas,
abre gavetas que estavam fechadas por hábito
e não por decisão.
De dentro, chega uma voz que tremia em segredo:
uma verdade pequena, mas pertinaz,
que já não aceita o peso da porta encostada.
É o lado mais cru do que sabemos ser,
a pedir espaço
para respirar sem medo.
Há algo que se reorganiza sem aviso,
uma viragem inesperada
que muda a direção da conversa,
como se uma frase caída por engano
pusesse tudo a nu
e, ainda assim, libertasse.
No corpo, um eco discreto de cansaço,
como se estivéssemos a fechar
um ciclo antigo de vigilância.
Mas é desse cansaço
que nasce a clareza que salva.
Entre as palavras difíceis
cresce um fio de reconciliação,
uma forma nova de cuidado,
uma promessa de não fugir mais
do que realmente sentimos.
E, no fundo,
apesar do desconforto,
há a sensação de que algo alinhou:
como se a sombra tivesse finalmente encontrado
um lugar justo
dentro de nós.
(Poema inspirado nos símbolos astrológicos que moldam
o espírito deste dia, traduzido em linguagem poética.)
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