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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Horizonte Poético - O Lugar Justo da Sombra

Há uma perceção que não pede licença,

desliza pela mente como um sopro preciso

e lembra-nos que o silêncio também cansa.

 

O pensamento mexe onde não queríamos tocar,

levanta o pó das perguntas antigas,

abre gavetas que estavam fechadas por hábito

e não por decisão.

 

De dentro, chega uma voz que tremia em segredo:

uma verdade pequena, mas pertinaz,

que já não aceita o peso da porta encostada.

É o lado mais cru do que sabemos ser,

a pedir espaço

para respirar sem medo.

 

Há algo que se reorganiza sem aviso,

uma viragem inesperada

que muda a direção da conversa,

como se uma frase caída por engano

pusesse tudo a nu

e, ainda assim, libertasse.

 

No corpo, um eco discreto de cansaço,

como se estivéssemos a fechar

um ciclo antigo de vigilância.

Mas é desse cansaço

que nasce a clareza que salva.

 

Entre as palavras difíceis

cresce um fio de reconciliação,

uma forma nova de cuidado,

uma promessa de não fugir mais

do que realmente sentimos.

 

E, no fundo,

apesar do desconforto,

há a sensação de que algo alinhou:

como se a sombra tivesse finalmente encontrado

um lugar justo

dentro de nós.

 

 

(Poema inspirado nos símbolos astrológicos que moldam o espírito deste dia, traduzido em linguagem poética.)

 

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