Passei por mim
E olhei sem que me visse
E esperei pelo momento
Que sabia já ter acontecido
Como se me quisesse esquecer para sempre
E ou sustentá-lo pela última vez
Volto amiudadas vezes
Como se fosse possível suspender tudo antes de me ver
E conseguisse mudar o enredo nesse lugar
E com aquela gente
No preciso tempo do mais marcado silêncio
Sempre me foi rogado sem que houvesse palavras exatas
Ou vozes bem-ditas
Que nunca interrompesse antes de parar
E somente estivesse atento ao que decorria
Sem que interferisse
Mas todo o engano me seria profícuo
Nunca me confiasse aos deuses nascidos do Homem
Porque haveria de ser um dia mais tarde Ele
E Nele também eu o deus
Erguesse pela imoralidade da moral
E jamais fugisse de nada apenas por mim
Confiasse sim nos instintos
E na sua prima e refectiva energia
Lhes desse as virtudes que me satisfizessem
E alegrasse assim toda a Natureza
Porque Dela e de mim
Tudo viria a ser o bem possível
E um muro alto foi realizado
Por cada dia que me levantava
E uma grande fogueira fora acesa
Para que me entretece a olhar as labaredas
E pouco pensasse sobre depois
E o que também sucedera antes do depois
E do que não conseguia recordar
Mas em mim sentia
Sem que entendesse o que sentia
Esquecesse de mim no outro lado
Voltado para a cegueira
Entre o escuro
E o que levaria à(s) Sombra(s)
Entre o imperecível aprisionamento que gera a ignorância
E a imperícia de me ver livre e são
Entre o desejo de sair da caverna do obscurecimento perpétuo
E a trepidez de ter de volver por não conseguir jamais abeiçar luzência
Não há triste sorte para quem se sente no que é
E mais quer ser por si apenas desejar
E em si crer
E porque ainda somos o que outros foram
E outros que hoje também persistem em ser
Mais seremos pelo que (nos) fizermos
Na mais concludente harmonia de solidão
O Eus maior do que vive
E certamente virá o tempo em que será