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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

(De)corre...

Tudo (de)corre
nas profundezas
de mim;
um palco
onde me represento.
Tudo o resto
é mera ficção.

Em esforço
materializo,
e constantemente
me tento
e me repito,
e erro,
existo...

E construo-me
a todo o momento
em caminho,
ao Eu que tão sabiamente
me espera.

domingo, 20 de setembro de 2009

Ambiciono

Deverei contestar
os males do mundo,
ou confrontar
a minha (im)perfeição?

O que me nasce
ao caminho,
vem-me de dentro,
e tem a dimensão
do que mereço
e o peso de tudo
o que (re)colhi
e acumulei,
e mal vivi.

Não é o que possuo
que me enriquece,
mas o que livremente
tento conquistar,
desnudado,
em mim.

Ambiciono
o que é simples
e a manhã.

sábado, 19 de setembro de 2009

(R)evolução das passadas

Alcança-se, já o fim
desta última estrada,
há muito, por outros iniciada,
sem se pressentir lá, outra.
A paragem
será surpreendente
e animada
pela (r)evolução das passadas,
ao traçado
e às estruturas
do caminho do arco-íris.
E não chegará boa vontade
para que nasçam,
prematuramente,
flores de primavera...
Os frutos
levarão outro tanto tempo,
até que caiam maduros de saber
e de gente.

Ser levado pela estrada,
não é construir o caminho
que tenha o fim
que todos lhe queiram dar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Democracia

Um
é solidão,
dois
é (des)(h)armonia,
três
(ou mais de três)
é democracia.

E não há três,
sem todos.

sábado, 12 de setembro de 2009

Ser o corpo que (re)vista nossa mente

Queria dizer-te tanto
e acabo por nada te dizer.
Ontem, sabia,
sabia e tinha tudo na ideia,
e o que penso, nunca tem fim
e não consigo parar de pensar,
o que tinha sonhado,
e dito a todos os;
necessitados como eu, de acreditar,
que me olharam com sorrisos
até plantados nas mãos,
que também me fizeram mil e uma promessas,
me deram muitas esperanças
e até me ofereceram um futuro novo,
que me convenceram de sua felicidade,
mas que não desistem de ambicionar mais e mais...
Queria dizer-te tanto
e acabo por nada te dizer.
Ontem, sabia,
sabia, mas hoje acordei,
como se tivesse um ancião (des)conhecido,
junto à minha cabeceira,
e que me avisasse,
que por ali ficaria, por mais de uma semana,
à conversa.
e que me aconselhasse
a sentar-me à beira da cama
e colocasse os pés bem firmes e presos ao chão,
enquanto com ele falasse
e para que o ouvisse, assim, com mais atenção,
e que me ajudasse a concentrar,
para que pudesse sentir a vibração da Terra,
e que apontasse para o firmamento
para que olhasse
e tentasse entender o infinito.
E eu nunca iria perceber
a Terra mexer,
e até me sentiria insignificante
quando ousasse invadir o céu.
E que constantemente, me questionasse,
sobre os meus sonhos
e a minha ingenuidade,
e que me obrigasse a ver e a analisar,
cá, para bem dentro de mim,
até ao infinito de minhas células,
e não sei o quê, de minha alma,
e eu mal entrasse,
não gostasse do que visse,
e chorasse, por mim e por ti e por todos.
E que me desse um corpo, já formado,
para que vestisse a minha mente,
e assim concretizasse os meus sonhos
e não alimentasse mais,
as evasões e os devaneios,
e acreditasse no Homem
e nunca nas utopias
de alguns homens,
que fingem sonhar
o Homem.
Queria dizer-te tanto
e acabo por nada te dizer.
Ontem, sabia,
nada sabia.
Hoje, pouco sei,
amanhã, talvez saibamos,
ou por mais uma semana,
ser o corpo
que (re)vista
nossa mente,
(e o amor).

Todas as horas têm um propósito
e há as idades do sentir.




(Este poema foi escrito, inspirado no presente aspecto astrológico Saturno/Neptuno.)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mais esperto...

Por vezes,
acho-me mais esperto,
não, do que os outros,
(não, mas também)
mas, do que eu,
quando devo ser inteligente.
É-me difícil
a consciência.
Mas, basta-me
(d)escrever-me,
para que acorde,
abra o olho,
e me veja um pouco melhor,
com alguma nitidez...

É-me difícil
a consciência.
Sinto-me atulhado
de tantas emoções.
Mesmo que de nada
me lembre,
impede-me
à plenitude...

Dispo-me
de muitas roupagens,
sobrepostas,
camada por camada,
mas também temo
a nudez.
Vencerei,
certamente,
todos os males,
e farei da sombra, luz,
trabalhando,
arduamente, mais a vontade
do que a coragem...

Ou admiro...

Ou odeio,
preso à pretensão de ser mais,
que ninguém,
e ao (des)amor,
que só por mim sinto...
Ou adoro,
iludido, pela necessidade
de ter de alguém,
o que julgo nunca ser,
nem possuir...
Ou, simplesmente, admiro
o esforço de quem se diferencia,
humildemente,
e me ensina a ser parecido
com os demais,
e comigo,
para que seja mais fácil
o meu caminho
com o(s) outro(s)
e o pise, tão dignamente,
nas pegadas já desenhadas,
há tanto,
e à minha espera.

Não basta que seja,
ou tenha,
se não souber.
E haver,
quem me transmita...

domingo, 6 de setembro de 2009

(Re)negar

(Re)negar qualquer parte do todo
é não aceitar o todo de mim.
Crer em tudo
e ser o todo
é (con)viver,
anulando o conflito,
e (re)descobrir-me,
a toda a hora,
no que me habita,
desde sempre,
para além deste meu caminho.
Por detrás,
do que me dita a razão,
escondem-se muitas emoções
que desconheço.
Quanto mais
me procuro com os sentidos
menos me acho
na essência.
E a vontade
se é impessoal,
deverei estar sempre
bem atento,
às minhas atitudes.

Que mais poderei fazer
se não deixar,
que eu aconteça
e ser feliz com o todo de mim,
no todo de tudo?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Não sei se sei escrever

Não sei
se sei escrever.
Gosto do que as palavras me dizem,
e faço jogos com elas,
e até mesmo amor,
quando me seduzem
e me vêm ao pensamento
com afabilidade.
E esforço-me
para que todos me entendam
e ouçam as palavras
que escrevo,
minhas são, certamente,
e o sentido que lhes quis dar,
naquele preciso momento,
em que exactamente as escrevi,
como, com meiguice, as trabalhei,
nunca levianamente as usando,
sem pensar de acordo com o sentir,
e com tudo o que penso,
e sonho,
e amo...
Querendo-as sempre muito, dividir,
com os que também pensam,
e têm sonhos,
e me escrevem.
Ou também, e por que não,
com aqueles
que ainda não sabem pensar por si,
vivem o sonho errado
ou o de outros,
que não encontram o caminho das palavras,
nem se lembram,
nem de escrever,
nem sequer de falar alto,
nem de olhar ao espelho...
Não sei
se sei escrever.
Acho que já soube,
não me lembro.
Mas certamente já escrevi muito,
ou muitos lutaram por me escrever,
sem que os lesse o suficiente,
nem os ouvisse,
e outros morreram
pelo atrevimento de sua escrita,
e outros só muito mais tarde,
tão tarde, que nunca em vida o souberam,
foram (re)conhecidos
pelo que despertaram...
Mas, sinto-me impelido a isto,
de juntar palavras.
Repetitivamente mergulho-me
e pressinto-me,
mas é tão difícil ir fundo e tão longe...
E apanho palavras de fragmentos de histórias,
já escritas, à minha espera,
sem eu saber,
e vejo-me entre multidões,
que me falam, mas nada entendo,
e no meio, animais que nunca vi,
e todos me olham perplexos,
e todos sem querer me assustam,
talvez por não saber
ao certo onde ando,
nem onde fica a minha casa...
E rapidamente fujo
e reconstruo-me, (re)criando histórias,
com as minhas palavras,
e assim materializo o espírito
e sinto-me vivo,
e iludido,
e seguro no meio
de tantas palavras felizes,
e de todos os que conheço e amo...
Não sei
se sei escrever.
Mas por entre a inocência
dos vocábulos,
soletro baixinho
a frieza do silêncio de mim,
e reescrevo-me, até sempre,
até que a caneta se gaste
e haja futuro,
e um espaço em branco
neste meu papel.

Não sei
se sei escrever
tudo o que sei
e não sei.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Do que somente tu

Nunca sentencies os outros,
por aquilo que és.
Aceita-os apenas como se apresentam,
e confina-te a constatar
o que em liberdade conseguem conceber,
para que aprendas a reverenciar
a tua própria individualidade.  

Tudo é bem mais, 
do que, o que mal se vê
e somente tu.